A menopausa é uma fase natural na vida da mulher, marcada por mudanças hormonais que impactam tanto o corpo quanto a mente. Ansiedade, depressão, insônia e oscilações emocionais são algumas das dificuldades comuns desse período. Para entender melhor essa relação entre menopausa e saúde mental, entrevistamos a psicóloga, psicanalista e sexóloga Juliana Conti, especialista em autoconhecimento e bem-estar emocional.
O Impacto dos Hormônios na Saúde Mental
A menopausa está associada à queda dos hormônios estrogênio e progesterona, que desempenham um papel essencial na regulação do humor. A redução do estrogênio, por exemplo, afeta a produção de serotonina, neurotransmissor ligado à sensação de prazer e equilíbrio emocional. Como consequência, muitas mulheres enfrentam ansiedade, depressão, irritabilidade e dificuldades cognitivas, como lapsos de memória e falta de concentração.
No entanto, segundo Juliana Conti, os impactos não são apenas biológicos. “Ainda existem muitos tabus sobre a menopausa e o que ela representa para a vida saudável da mulher. A pressão social e a falta de informação agravam o sofrimento emocional nesse período.”
Quem Está Mais Vulnerável?
Mulheres que já tiveram transtornos do humor, como depressão e ansiedade, podem apresentar sintomas intensificados na menopausa. Além disso, fatores como histórico de depressão pós-parto ou transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM) aumentam a vulnerabilidade. “Mulheres que enfrentam estresse crônico, problemas de autoestima ou dificuldades em suas relações interpessoais podem sentir ainda mais os impactos emocionais da menopausa”, explica a especialista.
Outro fator importante é a forma como a mulher encara essa fase. “Aquelas que não elaboram o significado da menopausa e a veem como um fim podem ter mais dificuldades emocionais. É fundamental ressignificar esse momento como uma transição para novas experiências e descobertas”, destaca Juliana.
Fatores Emocionais e Sociais
A menopausa não ocorre isoladamente – ela se entrelaça com mudanças na vida da mulher, como o envelhecimento, a saída dos filhos de casa (síndrome do ninho vazio), desafios profissionais e questionamentos sobre identidade e papel social.
Além disso, a psicóloga alerta para o impacto do estigma social: “Em muitas culturas, a menopausa é associada à perda da feminilidade e da vitalidade, o que afeta diretamente a autoestima e a autoimagem. Muitas mulheres acreditam que sua vida sexual acaba nesse período, o que não é verdade.”
A sobrecarga emocional também é um fator relevante, já que muitas mulheres precisam equilibrar responsabilidades profissionais, cuidados com os pais idosos e demandas da vida pessoal.
Autoaceitação e Bem-Estar Emocional
Para Juliana Conti, a menopausa pode ser um período de ressignificação da identidade feminina. “A autoaceitação passa por compreender que essa fase não representa um fim, mas uma transição para um novo ciclo de vida. O autoconhecimento, a busca por atividades prazerosas e a prática da autocompaixão são fundamentais para fortalecer a autoestima e o bem-estar emocional.”
Outro aspecto essencial é o sono. A insônia é uma das queixas mais comuns na menopausa e pode agravar os sintomas emocionais. Técnicas como relaxamento, higiene do sono e mindfulness ajudam a melhorar a qualidade do sono. “A terapia também auxilia nesse processo, ajudando a mulher a entender e lidar com as mudanças desse período”, reforça a especialista.
A Psicoterapia como Aliada
O suporte psicológico pode ser um grande aliado, independentemente da escolha por tratamentos médicos, como a reposição hormonal. “Muitas mulheres sentem receio em relação às terapias hormonais e precisam de um suporte emocional para tomar decisões informadas. O acompanhamento terapêutico auxilia na adaptação às mudanças, na gestão do estresse e no desenvolvimento de estratégias para enfrentar esse período com mais segurança”, destaca Juliana Conti.
Entre as estratégias psicológicas recomendadas estão:
•Autoconhecimento e Psicoeducação: Entender que a menopausa é um processo natural, não uma doença.
•Terapia: Ajuda a ressignificar o envelhecimento e desenvolver uma visão positiva sobre essa fase.
•Mindfulness e Técnicas de Relaxamento: Contribuem para o controle da ansiedade e da instabilidade emocional.
•Fomento de Relações Sociais: Ter uma rede de apoio fortalece a saúde mental e reduz a sensação de isolamento.
•Atividade Física e Estilo de Vida Saudável: Exercícios estimulam a produção de endorfinas, melhorando o humor e reduzindo sintomas depressivos.
Desmistificando a Menopausa
O tabu em torno da menopausa ainda é forte em muitas culturas, o que leva muitas mulheres a sofrerem caladas. O medo do julgamento faz com que evitem buscar ajuda, reforçando a ideia de que devem enfrentar essa fase sozinhas.
“A menopausa mexe com hormônios, emoções e o corpo da mulher, afetando toda a sua vida. Na questão sexual, esse tema se torna ainda mais delicado, já que a sexualidade feminina ainda é tabu para muitas pessoas”, aponta Juliana.
Ela reforça que o diálogo aberto sobre a menopausa é essencial para combater os estigmas. “Precisamos desmistificar essa fase e promover um olhar mais acolhedor e respeitoso para essa transição.”
Menopausa: Uma Oportunidade de Crescimento
Apesar dos desafios, a menopausa pode ser um período de redescobertas e novas possibilidades. “Muitas mulheres aproveitam esse momento para se reconectar consigo mesmas, investir em projetos pessoais e priorizar o autocuidado. Quando ressignificamos a menopausa, ela deixa de ser um período de perda e passa a ser uma fase de transformação e amadurecimento”, ressalta Juliana.
Para finalizar, a psicóloga deixa uma mensagem de apoio às mulheres que estão passando por essa fase:
“A menopausa é um convite para olhar para si mesma com mais carinho e compaixão. Se acolha, se permita viver essa fase com leveza e não hesite em buscar ajuda quando necessário. Você não está sozinha! Cuidar da saúde mental é fundamental para atravessar essa fase com equilíbrio e qualidade de vida.”
Com o suporte adequado e um olhar mais atento à saúde mental, a menopausa pode ser vivida com mais leveza, bem-estar e plenitude.
Fonte oficial;
@jucontipsicologa
CRP8581/J